quinta-feira, 21 de junho de 2007

PERNAMBUCANOS REVOLTOSOS (RESTAURAÇÃO PERNAMBUCANA)

No início do século XVII, o Brasil era colônia do reino português. Sua extensa faixa litorânea (Brasil) dificultava a ocupação e defesa do território, possibilitando a invasão estrangeira. Foi assim que, em 1630, os holandeses estabeleceram-se no nordeste brasileiro.
Em 15 de maio de 1645, no Engenho de São João, de propriedade de João Fernandes Vieira, os insurreitos decidiram pegar em armas em nome da Liberdade Divina e, oito dias depois, os 18 líderes assinaram o “Compromisso Imortal do Ipojuca" (lutar pela restauração de nossa Pátria) Estava selado o destino que buscava pôr fim aos horrores, às cobranças extorsivas e aos confiscos de propriedades dos senhores de engenho impostos pelo invasor.
A expulsão definitiva dos invasores do nordeste ocorreu em 27 de janeiro de 1654. Naquela oportunidade, foi assinada a rendição incondicional na Campina da Taborda, onde foram entregues as 73 chaves da cidade Mauricéia ao General Francisco Barreto de Menezes, comandante das tropas patriotas, pondo fim a 24 anos de ocupação holandesa que visava principalmente o cultivo e extração de açúcar, cultura até então bastante lucrativa.
Essa foi a primeira vez que os habitantes do Brasil, Mazombos (filhos de portugueses nascidos no Brasil), índios nativos e negros, formaram as três raças, unindo-se por um objetivo comum: lutar pela liberdade, na chamada Restauração Pernambucana.
No Monte das Tabocas, hoje terras do Município da Vitória de Santo Antão (PE), os patriotas, com 1.200 homens, 200 armas de fogo, foices, paus e flechas lutaram contra 1.900 holandeses fortemente armados, equipados e treinados para o cambate. Aos invasores foi imposta importante derrota, no dia 3 de agosto de 1645, tornando viável a campanha militar da Restauração. Com a vitória, Antônio Dias Cardoso ficou conhecido como o mestre das emboscadas.
Os holandeses sobreviventes seguiram para Casa-Forte, onde novamente foram derrotados, agora com a participação dos soldados negros de Henrique Dias e dos soldados nativos (índios) de Felipe Camarão. As casas-forte holandesas de Cabo de Santo Agostinho, de Pontal de Nazaré, Serinhaém, Rio Formoso, Porto Calvo, Forte Maurício e Penedo caíram como que por efeito dominó; e Olinda foi recuperada.
Os patriotas submeteram os holandeses a rigoroso cerco. A falta de alimentação levou os invasores a buscarem apoio no litoral norte, atacando as plantações de mandioca nas vilas de São Lourenço, Tejucupapo e Catuama.
Em 24 de abril de 1646, ocorreu a batalha de Tejucupapo, na qual as mulheres expulsaram os famintos invasores, humilhando-os em mais uma derrota. Com esse feito, ficou registrada a participação da mulher brasileira na luta pela restauração do território.
Os batavos resolveram romper o cerco em 19 de abril de 1648, dirigindo-se para o Cabo de Santo Agostinho, quando ocorreu a primeira batalha dos Guararapes; quase um ano depois, em 19 de fevereiro de 1649, aconteceu a segunda batalha. Foram alcançadas
importantes vitórias pelos patriotas nas duas batalhas. Dessa forma, ficou traçado o destino dos invasores no Brasil, os quais ficaram enclausurados no Recife até 1654.
No dia 20 de janeiro de 1654, caíram os últimos baluartes da defesa holandesa, o que impôs a assinatura de um tratado de rendição. Após 62 horas de negociação, a cidade de Recife foi desocupada e o invasor expulso. Estava concluída a Restauração Pernambucana.

sábado, 2 de junho de 2007

BRASIL: MOSTRA TUA CARA, PATRIA QUE ME PARIU!

O Brasil está mostrando sua cara. Hoje o que observamos no congresso, na câmara e no senado é a mais pura falta de respeito, escândalos e corrupção por todos os lados, mensalão, sanguessugas, obras superfaturadas, etc. Um bombardeio de acusações, algumas provadas, outras não. CPIs (comissão parlamentar de inquérito) instaladas para uma infinidade de investigações, a impressa sensacionalista que pega carona na temática e não fala mais nos outros problemas do país, o povo indignado com tudo isso, porém essa mesma população após quatro anos elegem esses mesmos picaretas e esquecem os escândalos em que esses corruptos se envolveram. A imprensa internacional que passa a visão do Brasil como essa bagunça mais parecida com a maioria dos quartos dos adolescentes, e como se não bastasse somos vistos como paraíso sexual, onde turistas “pintam e bordam” principalmente no afrodisíaco litoral nordestino. Temos que “lavar” a nossa casa e muito bem lavada, pois chegam “visitas” e a sujam, como se não bastasse, nos mesmos quando tentamos fazer uma “faxina” jogamos o “lixo” para debaixo do “tapete”, vez ou outra dá uma ventania e espalha esse lixo todo novamente. Sem contar na violência que é absurda, onde em média anual morrem 40.000 pessoas vitimas dessa violência, 40.000 vidas inocentes, e se sem contarmos os ditos “criminosos” essa estatística aumenta ainda mais, a maioria desses “fora da lei” só entraram para o crime por não terem nenhuma expectativa de vida e só conhecerem o lado obscuro da sociedade, sem contar também em inumeros policiais que perdem a vida tentando cumprir seu dever e deixam famílias orfãs. Enquanto pessoas inocentes são vitimas da violência, parlamentares discutem o aumento de salário deles próprios, enquanto um pai de família desempregado é preso e condenado a 10 anos de prisão por furtar um pedaço de bife, pois seus 2 filhos estavam com fome, juiz de direito mata vigilante de estacionamento e a única punição é o afastamento das suas funções com o agravante de uma gorda aposentadoria vitalícia, enquanto pessoas morrem em filas de hospitais por falta de medicamentos ou atendimento, os governantes viajam para vários países as custas do dinheiro dos cofres publicos, enquanto no país se tem milhões de desempregados, políticos praticam o nepotismo e só trabalham até a quinta-feira, enquanto eles discutem aumento de salário, o aposentado gasta 50,5% de sua renda para compra de medicamentos, enquanto eles comem caviar centenas de pessoas morrem de fome e desnutrição por mês, enquanto tomam banho de sais, a população não tem saneamento básico, enquanto seus filhos fazem curso de inglês, teatro, etc. milhares de crianças abandonadas se encontram nas ruas pedindo esmolas, usando drogas e se prostituindo, enquanto os presídios do país se encontram superlotados e sem a menor condição de reeducar o apenado para seu engajamento na sociedade, nomes do alto escalão nem detidos são, enquanto existem sem tetos e sem terras, a classe tida como "A" é detentora de belas mansões e grandes latifúndios, enquanto se incentiva o turismo, algumas de nossas tribos não tem terras demarcadas e são lezadas por grilheiros, enquanto estudantes da rede publica de ensino fazem o grande esforço de estudar e trabalhar ao mesmo tempo para ajudar a família, ingressam na faculdade particular (quando entram) e se “matam” para pagar as mensalidades (quando conseguem pagar), pois estão na faculdade particular porque filhos de grandes empresários cursam universidade publica (que são as melhores do país) porque tiveram um ensino de boa qualidade em colégios particulares e assim tiveram uma base educacional melhor para a concorrência no curso superior. No Brasil temos em média 190 milhões de habitantes e só 400 famílias detem 40% da riquesa do país, o que vemos é uma total desigualdade de renda.
Cheguei a uma simples conclusão, a miséria só existe porque tem corrupção, é por causa de políticos e empresários corruptos que se tem gente com fome, gente matando e assaltando no sinal. Mas o Brasil tem jeito sim, aqui não tem terremoto, não tem vulcão, tem bastante terra, só precisa de saúde e boa educação, um pouco mais de vergonha na cara não faz mal a ninguém, o que move o mundo não é só nota de cem. no Brasil existe gente honesta, as vezes o podre é só quem ta no poder que não presta, mas temos força de mudar e reverter a situação, o poder do voto é nosso, tantos morreram por esse direito num passado não tão distante e o que vemos acontecer hoje é tantos outros venderem seu voto por tão pouco, sendo assim depois não adianta cobrar.
Verbas desviadas de hospitais, de penitenciárias, de merenda escolar, de obras de infra-estrutura como saneamento básico, rodovias e pontes. O país mostra a cara assim, com todos esses problemas expostos, nem adianta cobrir o rosto com uma máscara sorrindo, que não está me iludindo, infelizmente para os governantes o carnaval só acontece uma vez por ano e o povo brasileiro está sabendo muito bem lavar o resto de maquiagem da cara desses porcos engravatados.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

A VISITA DE BENTO XVI AO BRASIL E O DECLÍNIO DO CATOLICISMO.

A visita do Pontífice Joseph Ratzinger ao Brasil será pura coincidência? Ou será porque o Brasil é o maior país com numero de católicos não só na América Latina como também no mundo. A visita do Papa Bento XVI ao Brasil serviu para a confirmação do que todos já sabiam, que a igreja católica não vai mudar tão cedo seus dogmas para se adaptar à nova era, o que vemos é que esse novo tempo que tem que se adequar aos dogmas da igreja.
Dentre alguns temas centrais discutidos pelo Pontífice nas celebrações, estão: o aborto, a obrigatoriedade do ensino católico nas escolas publicas e a castidade antes do casamento. Estes três temas são os mais polêmicos. Seu discurso prega um tipo de “cruzada” contra o aborto no Brasil e no mundo, ameaçando excomungar todos os lideres políticos que implantassem a legalização. Falta ao Papa um pouco mais de conhecimento sobre a realidade brasileira; aqui nas terras tupiniquins, muitas mulheres são estupradas todos os dias, jovens com menos de 13 anos engravidam aos montes, bebês nascem sem cérebros, etc. Antes de vir ao Brasil, Bento XVI pressionou o presidente Luís Inácio Lula da Silva, para que fosse obrigatória a disciplina de ensino religioso (no caso, ensino do catolicismo apostólico romano) em todas as escolas da rede publica. O presidente expôs o caráter laico do estado ao aceitar qualquer tipo de religião e deu a entender que, no Brasil, cada um tem a liberdade para escolher a religião que mais lhe agrada. A idéia que o papa passa nessa atitude é um tipo de “Inquisição”, pois tira todo e qualquer direito de livre arbítrio que o cidadão tem em escolher sua religião. Tem também a questão da castidade antes do casamento e até mesmo o voto de celibato. Quando se entra em contato com um pastor ou uma pastora se conhece a família e todo o ambiente familiar que os cercam, filhos, filhas, esposas, maridos. Sem contar que na maioria das vezes esses pastores e pastoras são muito carismáticos, enquanto padres e freias, são muito reservados e distantes do povo. Até existem padres carismáticos, mas são excelentes vendedores de discos ou torcedores fanáticos de algum time de futebol! Salvo raras exceções, tornando-se assim pouco próxima esse laço entre sacerdote e fiéis, para a maioria dos fiéis a igreja católica só chega através das declarações do papa, cardeais e bispos perante a mídia, já as igrejas evangélicas chegam através de panfletos, revistas e jornais gratuitos (ou não) e também através dos oradores que batem porta a porta. A realidade que vimos é o distanciamento da igreja para com a classe pobre. Pois se analisarmos patrimônicamente a localidade onde as grandes catedrais e importantes igrejas católicas se encontram, veremos que se localizam em bairros mais centrais e resumindo-se na maioria das vezes a abertura desses templos em missas dominicais, tornando-se assim cada vez mais distantes de seus seguidores, deixando assim essa aproximação com os fiéis para as “Casas de Missões de Comunidades” que são um braço muito forte da igreja e se difundiram muito nessa ultima década justamente pelo fato de interagir com a comunidade e de estar mais perto de seus problemas. Isso aparentemente seria uma solução, porém se criou uma preocupação em torno disto, pois os fiéis estão deixando de ir para as igrejas para ir a essas Casas de Missões, onde se tem mais contato humano, acarretando assim, em mais um problema para a igreja. Praticamente não existem igrejas católicas na periferia, no subúrbio ou na favela, onde as camadas menos favorecidas se encontram, se vê lá as igrejas evangélicas interagindo com a população, conhecendo seus problemas, tentando resolver e dando a força espiritual que tanto essa população necessita. Outro problema gerado para a igreja católica é a grande propagação das igrejas protestantes, também chamadas de igrejas evangélicas, aonde vimos nascer o movimento protestante na Alemanha com Martin Lutero e na França e Suíça com João Calvino. Desde o surgimento deste novo seguimento do cristianismo vemos aumentar os templos protestantes, o que alguns estudiosos chamam hoje de “Esquinamento” das igrejas, ou seja, a conseqüência dessa propagação tão avassaladora dos tempos evangélicos acarretou conseqüentemente na saturação das igrejas, quando o que vimos hoje a grosso modo é em cada rua a existência de uma igreja evangélica, quando não duas igrejas. É inegável que as igrejas evangélicas vão em busca de seus fiéis, coisa que a igreja católica ainda não faz. A igreja católica já foi detentora de 85,0% dos fiéis, restando assim 15,0% da fatia de fiéis a serem divididas entre as outras religiões, hoje este número se reduz a 49,5%, mesmo assim o Brasil é o maior país de católicos do mundo e até a visita do papa não tinha um santo que o representasse, não tinha, pois no dia 11 de Maio de 2007 foi canonizado Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. Coincidência ou não, foi canonizado justamente quando o maior país em numero de católicos está perdendo de maneira brusca seus fiéis.
Uma questão bastante curiosa é que mesmo com passeios pelas ruas a maioria das celebrações que o papa realizou no período que esteve no Brasil foi só para convidados, até os jovens que foram ao encontro do papa tem uma relação muito próxima com a igreja, a grande maioria faz parte de alguma paróquia e foram representa-las. Se a igreja não se atualizar e se tornar mais interativa vai continuar perdendo fiéis, as pessoas procuram à igreja que lhes dão conforto espiritual e que melhor lhes acolhem e não a que o aterroriza com o discurso de que se você não for de determinada religião vai ser jogado na fogueira ou torturado até a morte.
A igreja católica ainda é muito falada na mídia, mais especificamente “mal-falada”, por ser contra o divórcio, mãe solteira, aborto, métodos anticoncepcionais e a negação do sacramento a divorciados. Vivemos no século XXI, mas a igreja católica persiste em dogmas da idade média.
Se a igreja católica quiser se aproximar novamente de seus fiéis de batismo e trazer o maior número possível para sua doutrina, é necessário que seu clero suba as escadarias dos morros, vá nos barracos dos favelas, etc. Até o próprio Jesus Cristo foi em busca de seus seguidores. A igreja criou um abismo entre sues próprios fiéis, onde a maioria das pessoas batizadas na própria igreja católica migram para as igrejas evangélicas, optam por seguirem outra religião ao se frustrarem com o catolicismo ao ainda, o mais comum, a não disposição dos indivíduos para qualquer tipo de religião.
É onde eu pergunto: coincidência Joseph Ratzinger, ou melhor, Bento XVI visitar o Brasil e canonizar Frei Galvão?.

DISSECANDO: VIDA E OBRA DE FRANCISCO DE ASSIS FRANÇA (CHICO SCIENCE), O SURGIMENTO DO MANGUE BEAT.

Nascia no dia 13 de Março de 1966, na cidade de Olinda, o Pernambucano Francisco de Assis França, vulgo Chico Science, líder da banda Nação Zumbi e principal líder do movimento surgido nos anos 90 batizado de Mangue Bit e mais tarde rebatizado de Mangue Beat. Seu apelido Chico Science veio da facilidade que o mesmo tinha em misturar diversos ritmos como: Coco, Ciranda, Embolada, Maracatu, Samba, Hip Hop, Black Music, Funk, Soul, Rock e Caboclinho. O movimento Mangue Beat conseguiu o que até então só a Tropicália tinha conseguido, que foi romper com a hegemonia da região Sudeste e de Brasília no mercado fonográfico do país. Os rapazes nordestinos conseguiram que o país e o mundo olhassem para eles e vissem a sua cultura e o seu som inovador. Os MangueBoys, como ficaram conhecidos os seguidores do movimento, sacudiram a cena recifense e resgataram a cultura popular que estava quase extinta, sem esquecer de estarem antenados com o mundo e aberto a novas idéias, preocupados com o social, o político, o geográfico e o histórico, enfatizando assim toda essa preocupação pelo crescimento desordenado da cidade do Recife, como o aterramento de seus mangues e a pobreza da população. Para exporem suas idéias lançaram em 1991 o manifesto "Caranguejos com Cérebro", escrito por Fred 04 e Renato Lins, onde se abordavam todas essas preocupações com a cidade do Recife. Chico, em sua curta vida, gravou dois CDs (Da Lama ao Caos, em 1994, e Afrociberdelia, em 1996). Também compôs a trilha sonora do filme Baile Perfumado de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, e gravou com outros artitas como Fernanda Abreu, Gilberto Gil, Syang, João Gorgo, Samuel Rosa, Fred 04, dentre outros tantos que o regravaram, como Gabriel O Pensador, Herbet Vianna, Marcelo D2, Max Cavaleira, Chorão, etc. O Mangue Beat foi retratado em um documentário dirigido por Bidu Queiroz e Cláudio Barroso, sendo um movimento cultural-artístico onde se fez a fusão da cultura popular e cultura de massa, estas entrelaçadas com a cultura exterior, tendo como ídolos o Sociólogo e Geógrafo Josué de Castro, figuras populares tais como Zumbi, Lampião, Ântonio Conselheiro, Sandino, Emiliano Zapata, e musicais como Afrika Baambata, James Brown, Grand Master Flash e Jorge Ben Jor. Os dois primeiros discos das duas bandas que começaram o movimento foram lançados simultaneamente em 1994 (Da Lama Ao Caos, de Chico Science & Nação Zumbi, e Samba Esquema Noise, do Mundo Livre S/A), ambos sucesso de crítica nacional e internacional. Infelizmente, no dia 2 de Fevereiro de 1997, no dia de Iemanjá, um acidente de carro na divisa entre Recife e Olinda tirou a vida de Chico Science, no auge de sua carreira, fazendo com que o carnaval local, famoso em todo o mundo, parasse. Mas o movimento continua vivo, firme e forte, influenciando intelectuais, músicos, etc. O símbolo do Mangue Beat, a parabólica enfiada na lama, permanece, representando, assim, a interação com o mundo, porém sem esquecer jamais das raízes. Várias bandas continuam representando o movimento, são elas: Nação Zumbi, Sheik Tosado, Mundo Livre S/A, Devotos, Jorge Cabeleira, Mombojó, Otto, Sangue de Barro, Eta Carinae, Querosene Jacaré, Silvério Pessoa, Lenine, Mestre Ambrósio, Cascabulho, China, Siba e a Fuoresta do Samba, Dj Dolores, Dr. Raiz, Cabruêra entre outras.

HERÓIS !?

Nesses lapsos de memórias que retornam vez ou outra, regredi no tempo para recordar minha infância (que por sinal foi muito boa) e, ao voltar à infância não poderia esquecer das brincadeiras com amigos (as). Lembrei da minha maneira simples de observar o mundo que me cercava e conseqüentemente, recordei-me dos super-heróis que fizeram parte da minha juventude e ainda fazem parte de tantas outras recordações presente em cada um de nós e até mesmo na vida da geração moderna. Heróis esses que inúmeras vezes desejei ser, por “n” motivos que iam desde o mais puro dos sentimentos, que é o de salvar o mundo, ajudar os seres humanos a serem melhores e a conviverem em harmonia uns com os outros, até sentimentos tidos como egoísta de querer voar só para tirar a pipa que estava no telhado do visinho chato. Mal imaginava que o exemplo de perfeição estereotipado na figura do herói fosse tão falho!
Peguemos como exemplo quatro personagens: Super-Homem, Capitão América, Rambo e Zé Carioca.
O Super-Homem (Superman) é o mais perfeito de todos. Criado na década de 30, mas precisamente no ano de 1933, foi enviado de seu planeta Krypton (planeta superior a Terra) para o nosso planeta, por seus pais biológicos Jor-El e Lora numa cápsula espacial, (tornando-se assim uma espécie de “Moisés” dos tempos “modernos”) chegando a Terra, pousa em Smallville (Pequenópolis). Em seu planeta de origem seu nome era Kal-El (filho das estrelas), morfologicamente analisando, seu nome tem origem árabe, posteriormente é chamado na Terra de Clark Kent e é adotado pelo casal Jonathan e Martha Kent, e é educado a partir da moral ética e bons costume norte-americano. É quase um Deus. Tem vários poderes, dentre eles estão: a visão de raios-X que tudo ver, mesmo através das paredes, pode voar, tem visão de calor e visão de gelo, superforça, super-rapidez e agilidade em seus movimentos e consegue mudar o curso dos rios e a rotação da terra, podendo voltar assim no tempo. Sua fama se difundiu com pouco tempo de criação, soldados viam suas histórias em horário vago nas campanhas militares. O Super-Homem foi criado pós 1ª Guerra Mundial, pois no mundo do pós 1ª Guerra se tinha a utopia de que “tempos melhores e mais justos viriam”, sendo assim, sonhar com tempos melhores e mais justos era possível. Na sua 1ª aparição no episódio “O Reino do Super-Homem, Superman era mal (será que ainda não é?), seus criadores logo perceberam que um sujeito com tantos atributos não poderia ser mal. Como sabemos o Superman tem um lema: “Defender a Verdade, a Justiça e a América”. Com esse lema os U.S.A. se colocam no centro do mundo e aumentam seu poder egocêntrico.
Na 2ª Guerra Mundial vimos surgir o Capitão América, objetivando especificamente ir de encontro ao Nazismo. Seu nome era Esteve Rogers, se escondia atrás de um uniforme do exército americano fazendo o papel de um soldado comum, colocando em prática mesmo que de maneira subliminar, o dilema de que todo cidadão americano tinha o poder de mudar o rumo do conflito se alistando para o exército Yankee. O Capitão América tinha a alcunha de “Sentinela da Liberdade”, ajudando assim a divulgar a doutrina Monroe, que pregava “A América para os americanos”, ou melhor: A América e todo o mundo para os norte-americanos. Quando estava travestindo o traje de Capitão América, o herói vestia uma fantasia com as cores da bandeira dos E.U.A. e de forma paradoxal seu instrumento de batalha era um escudo, um super-herói tão agressivo usando como arma um instrumento que se usa para se defender só vem a aumentar a idéia de que os Estados Unidos da América tem uma população pacífica e só estava no confronto para combater o mal, para se defender, e para salvar o resto do mundo do mal.
Na Guerra do Vietnã (1965-1975), surge Rambo, este sim, mais humano (ao menos na aparência de soldado), pois o mais cruel dos “heróis” americanos, Rambo aniquilou vários vietconges, reforçando assim a idéia de que os U.S.A. se acham os “salvadores do mundo”, tentando assim extinguir o “mal” do planeta, com o lema de “levar a ‘paz’ para todas as nações”. Um poema musicado retrata bem a personalidade de Braddock (Rambo):

“Rambo musculoso, muito forte,muito mal
Pisa por cima de todos com seu poder imperial
Está matando muito e nem toma um tirinho na testa
Algumas vezes acertam seu braço, mas facilmente se recupera
Destruindo povos, culturas e tradições
Esse filme nunca acaba, selva de dominações
Sacrifícios de inocentes pelas garras da águia
Quando teremos liberdade se a exploração nunca acaba
CIA, FMI unidos entre si irão destruir o MST
Não haverá pra onde fugir, será o final da linha
Braddock vai trucidar José Rainha.”“.
(autor desconhecido)

No Brasil não temos super-heróis quase indestrutíveis, o que temos é um personagem criado pelo o próprio Walt Disney, que em visita ao Brasil em 17 de agosto de 1941 leva para o mundo o estereotipo de brasileiro que até hoje vemos, o brasileiro malandro, boa praça, bom de bola (Futebol), músico, boêmio de rodas de Samba, o preguiçoso que sempre quer tudo mais fácil, o simpático acolhedor, o pacífico, etc. Esse personagem se chama Zé Carioca, é bom dançarino, cortejador, aprecia a culinária brasileira e sempre vive de bem com a vida. Como se só existisse esse tipo de brasileiro, quando o que vemos desde a época em que foi criado o personagem é totalmente antagônico à essa idéia retratada por Disney. O que vemos é estatisticamente comprovado com a má distribuição de renda, a proliferação das favelas, o crescimento assustador do tráfico, a prostituição, os assassinatos, os estupros, os assaltos, a violência contra a mulher, as crianças abandonadas, os mendigos e a corrupção.
Daí eu me pergunto: Será que não estamos sendo muito ingênuos? A criança cresceu e vê o mundo de outra maneira agora. Um mundo onde os heróis são vilões.

NOVA HISTÓRIA ou ESCOLA DOS ANNALES.


A Nouvelle Histoire foi criada a partir da necessidade de se pensar e de se trabalhar uma história não mais fundamentada em grandes nomes militares ou políticos e sim nos vários fatores que estão nas entrelinhas. Para isso foi necessário que se criasse uma revista científica sobre os assuntos e as vertentes históricas a serem trabalhadas. Revista essa que se intitula Annales d’historie economique et sociale. Essa revista pode ser considerada o primeiro passo para poder se pensar a “nova história”. Essa nova história teve seu surgimento a partir de debates entre várias vertentes das ciências sociais, tais como os próprios historiadores, sociólogos, geógrafos e filósofos no século XX. Antes da história interagir com as ciências sócias a história era elaborada só à partir de “grandes” fatos feitos por algum líder político ou militar, com o surgimento da nova história, essa centralização acaba e se ver a história de várias ópticas diferentes e até de visões totalmente antagônicas, não só se ver a história dos vencedores, por exemplo, com o surgimento da nova história pode-se interpretar a história pelo ponto de vista do excluído socialmente, do menos favorecido economicamente, do não alfabetizado mas com vasta experiência de vida, do não religioso, enfim, pode-se trabalhar com o ponto de vista do “topo da pirâmide”, como também se pode trabalhar com a com o ponto de vista da “base da pirâmide”. Concretizada na revista “Analise da história, economia e sociedade”, a história toma outra vertente e os historiadores começam a criticar o antigo método que seria totalmente político-militar, método esse que se caracterizava na figura historiográfica do positivismo, que vinha sendo usado no intuito de só ressaltar os “grandes feitos realizados pelos grandes políticos”, esse método não questionava absolutamente nada, só datava o acontecimento ocorrido e seu líder. A criação da revista veio se fundamentar no final da década de 20 do século XX, mais precisamente no ano de 1929 na renomada universidade de Estrasburgo por Lucien Febvre e Marc Bloch. Com o aparecimento da nova história, a história até então tradicional some e dá lugar a história dos Annales que se uni as ciências sociais, principalmente com à sociologia, sendo assim possível com esses novos instrumentos de pesquisa, chegar a uma resposta ou várias respostas sobre o objeto ao que se pesquisa e na maioria das vezes chegando a inúmeros questionamentos, coisa que antes não existia. Com a nova história não se estuda mais um sujeito em particular, nem muito menos o que esse indivíduo realizou, agora se estuda quem ele foi ou o que ele fez a partir de várias analises: psicológicas, econômicas, sociais, políticas, culturais, religiosas, as estatísticas, o imaginário das pessoas, as histórias orais, os documentos, etc. Tudo isso interpretado de várias formas. Sendo assim a nova história abandona o pensamento de que nenhum fato ocorrido poderia ser repetido, rompendo assim com a história linear e criando uma história cíclica. Levando em consideração a época em que foi elaborada a nova história e levando em conta a localização geográfica da universidade de Estrasburgo (onde surgiu a escola dos Annales) oscilava em momentos da história em pertencer à Alemanha e em outro momento pertencer à França, hora a protestantes, hora a católicos, hora a amigos, hora a inimigos. O fato dessa dicotomia em determinadas épocas entre os pensadores da universidade e até mesmo da nacionalidade de quem nascia na região da “Alsace-Loraine” era enorme, pois a população em sua maioria era de origem germânica e quase não se falava francês, mas no pós-guerra o domínio da região passa a ser francês. Este confronto étnico entre cidadãos germânicos e francos era forte. Weber defendia a idéia de separação entre cientistas e população, para ele, como essa pequena e singular região vivia em constante incostância política não seria sensato para os pesquisadores assumirem uma posição política, cabendo esse feito ao restante da população da região, os cientistas ficariam neutros diante desse paradoxo. Segundo Weber, os cientistas agiriam de forma sensata se ficassem neutros, foi exatamente nessa concepção de Weber que Bloch e Febvre se inspiraram para a fundamentação da ideologia dos Annales. Febvre, assim como Durkheim, Bloch entre outros, queriam colocar a história no “presente”, estavam cansados daquela história enfadonha que a única coisa que retratava era o fato isolado e de um só ponto de vista, fato esse que o chefe político de uma nação o realizara, direto ou indiretamente, mas sempre esse fato era deturpado e virava acontecimento épico, quando na verdade se duvida até que se tenha existido metade destes acontecimentos tão grandiosos, tais do tipo: guerras sangrentas, violentas batalhas, etc. Os criadores da nova história estavam dispostos a questionar, a problematizar, a indagarem, a responderem a esses e a outros inúmeros fatos históricos, ambos sentiam a necessidade de extinguir a história “arcaica” onde só se narrava fatos “importantes”, datas e nome da autoridades políticas vigente. Os historiadores da Escola dos Annales conseguiram dar uma nova roupagem na maneira de se pensar a história, de se trabalhar a história e seus acontecimentos.
Texto também encontrado no blog: www.historiadoresuepb.blogspot.com