terça-feira, 30 de setembro de 2008

O Tempo...

A (di) visão da visão
Quando dá à volta
E volta a (re) encontrar
O verso no inverso.
Na volta pra casa já sem asas
(Re) construindo a aflição.

É quando vejo o desejo
A ação e seu destino
Me dando um beijo
Numa quase violação,
As vezes gosto
E outras vezes não.

O tempo nos forma e transforma,
Conforta e transtorna!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Enquanto isso na frente da TV.


As duas da madrugada, horário de verão,
A vida nas calçadas,
Vejo o noticiário na televisão,
E não faço nada!


Outra pessoa é assassinada,
Morre mais um irmão,
Crianças adultas cheiram cola e se aquecem no frio,
Mais outra CPI no Brasil,
A China ameaça,
Enquanto isso estou na minha casa,
Vendo televisão,
Mais um programa de um domingo de alienação.


Prostitutas nas esquinas,
Tentam ganhar seu pão,
A Amazônia é desmatada,
Outra chacina é executada,
E eu em minha casa,
Assistindo um jogão!

Mais um mendigo morre queimado,
Mais uma jovem é estuprada,
Mais uma esposa é espancada,
E continuo sem fazer nada...

Poema para a seca (ou a saga: morte e vida Severina)


Minha gente camicase que se mata de trabalhar.
Cangaceiros capazes de pedir: por favor, desculpa e licença,
Gente boa e de vivencia que não deixa de sorrir,
No chão mais pedra que terra,
Interior sertão, capaz de submergir do fundo do cascalho duro.


Dureza, grandeza e beleza de um povo guerreiro e sofredor,
Convivendo a todo tempo com a dor,
E dela tirando a melhor lição de vida.


O desgosto no rosto se torna invisível,
Pois a esperança é maior,
Esperando por dias melhores que nunca virão,
Antonio tinha razão: o sertão vai virar mar e o mar sertão!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

A construção da "modernidade" chilena.

O Chile, pelo fato de está localizado geograficamente meio que isolado do resto da América do sul, ficou fisicamente longe de invasões territoriais, consequentemente “sobrou” mais tempo para que o país organiza-se estrutura e politicamente, pois não havendo a preocupação de invasores se torna prioridade à preocupação no bem estar da população desse comprido país. O Chile surge como modelo ideal de modernidade para os demais paises, pois ao contrário de outros paises, institui um estado forte que garantia de certa forma um bem estar social perante todas as camadas da sociedade local. Enquanto na maioria dos países americanos as mudanças estruturais da sociedade começaram de baixo, dos grupos economicamente desfavorecidos. No Chile acontece o oposto, as reformas partem do próprio estado, ou seja, de cima pra baixo, invertendo assim a ordem. Vale ressaltar que no Chile ocorreu uma mudança considerável no que tange as questões econômico-sociais. Não devemos deixar de citar o fato das pessoas passarem a usufruir cada vez mais condições melhor de sobrevivência; estradas melhores, saúde melhor, educação de boa qualidade... Com isso o Chile se estrutura e dá um passo a frente no que diz respeito à comparação aos outros paises do continente. Até então, a população do Chile não tinha do que reclamar, pois o país estava indo de vento em poupa na questão estrutural interna, porém, como diz o dito popular “nem tudo na vida são flores”, o país começa a se desestruturar politicamente e no ano de 1891, adota um novo padrão de sistema político, para ser mais especifico, há mudança no parlamentarismo republicano, onde nesse momento, já acontecia uma guerra civil que exige uma reorganização da reforma política de dominação oligárquica. O estado com seu poder forte é o mediador entre alguns grupos político-sociais e o mercado internacional, mas, por trás disso também existia a questão de exportação, pois com a guerra civil o Chile quebra os acordos com paises compradores de seu Salitre e Cobre, acarretando assim em uma valorização dos minerais, aumentando seu preço de exportação. Ou seja, quem pretendia adquirir Salitre ou Cobre chileno agora tinha que pagar mais caro. A história se encarrega de dá “um pulo” e fazer um recorte temporal até 1925, onde uma nova forma de governo é criada, chamado de presidencialismo, conservando a nova configuração política da anterior vista. Apesar de instabilidades e uma breve implantação de uma ditadura militar, o sistema político se estabiliza em 1932, criando assim um forte sistema partidário. Com o fortalecimento dos partidos políticos, os mesmos passaram a exercer no cenário político chileno o radicalismo, mas precisamente na década de 1940, o reformismo exaltado da democracia cristã e a unidade popular. Cria assim um clima de uma maior participação política de todas as bases da população, tornando assim novamente (com o nacionalismo) um clima favorável para o “povão” pensar e exercer a sua cidadania. O governo chileno também cria uma política de industrialização e protecionismo de seus produtos, (foi citado como exemplo anteriormente os minerais chilenos). Podemos observar que neste mesmo período da história chilena também acontece cresce um considerável crescimento urbanização. Ser um país moderno e justo para o Chile era promover o bem estar da sua população, conseqüentemente há uma crescente alfabetização da população, diminuição da mortalidade infantil e uma maior participação da sociedade nos assuntos políticos do país, é simples: povo educado e consciente = a maior participação e poder de resolução de problemas em seu país. Um exemplo de governante que deu espaço para a população foi o presidente Alessandri, mas, a contra ponto, seus opositores não o viam com bons olhos, não aceitavam de modo algum tais mudanças que Alessandri estava a fazer. Alessandri nesse mesmo período enfrentar uma notável crise financeira, também há um embace entre o executivo e o legislativo, um acusa o outro de corrupção e vice e versa. Os militares pressionam o governo a fazer medidas que garantissem as mudanças na legislação trabalhistas dentre outras reivindicações. Posteriormente aparece a figura de Carlos Ibranêz, vindo do movimento militarista, continua as reformas na educação e saúde. Ganhado simpatia popular ao ponto de se manter no poder por vários anos, criando uma ditadura forte e quase imbatível, pois como já se foi dito, lbranêz tinha a seu favor, o apoio popular, que por sinal é fator principal para ele ter se mantido no poder. A população e os partidos da frente popular pensavam que os militares entregariam o poder depois de um tempo, não aconteceu tal fato, foi aí então que os partidos se mobilizaram e passaram a lutar pela saída do ditador. Sendo assim, em linhas gerais podemos afirmar pelo o que foi visto, que o Chile foi considerado moderno e serviu de modelo para os outros paises. Pois, numa época em que a maioria dos paises sul-americanos não se preocupavam em ajudar de alguma forma sua população, o Chile caminhou no caminho inverso, fez o contrário, uma política de auxilio desde os mais pobres aos financeiramente bem resolvidos, e deu certo, ao menos por algum período de tempo o país quase acabou com a pobreza, o analfabetismo, se contar que tornou seu mercado forte e buscou o exercício de cidadania em cada individuo chileno. De 1973 a 1990 assume com um golpe de estado assassinando não só o então presidente e ex-aliado Allende como também milhares de oponentes o militar Augusto Pinochet, mas isso é outra história...

domingo, 7 de setembro de 2008

R(EVOLUÇÃO) CUBANA E MEXICANA

O que se subentende-se por revolução? Será que em algum momento da história houve revoluções? Sem duvida houve algumas dessas revoluções que de revolução só havia o nome, a contra ponto, houve algumas outras que honraram a nomenclatura Revolução, que por sinal significa mudança, sejam elas estruturais, sociais, culturais e/ou ideológicos. As revoluções (de direita ou esquerda) mudam e muito um país. Ela pode ser pacifica ou de forma violenta, armada ou não, mas sem duvida alguma, é beneficiaria a alguma classe social, seja rica ou pobre, mas especificamente beneficia alguém que há faz. Em suma, na realidade as revoluções geram mudanças já mais vistas antes. Dois exemplos de revoluções sem sobra de duvidas são as revoluções: mexicana e cubana, ambas tiveram um importante papel não só para a para a América latina como também para todo o mundo, pois nelas a população menos favorecidas economicamente, tiveram um grande papel, um peso nas decisões que regiam as respectivas revoluções. Na revolução cubana, podemos observar o surgimento de um líder vindo da classe média local (Fidel Castro), Fidel era filho de uma importante e bem sucedida família aristocrática de Cuba, Advogado de profissão, escolheu como sua arma não o papel e a caneta, mas sim o fuzil e a selva. Castro indignou-se ao ver tanta pobreza em seu país (Que por sinal era o parque de diversões dos E.U.A,), Fugêncio Batista era um simples bode expiatório do americanos. A única importância que a ilha tinha para os americanos era a questão de que lá havia muitos cassinos e prostíbulos que funcionavam como parque de diversões americano, sendo assim, a única preocupação de Fugêncio era os cassinos e prostíbulos, enquanto isso o povo cubano vivia na miséria e na desigualdade absoluta. Enquanto a população era explorada alguns poucos se beneficiavam com o latifúndio da cana de açúcar, na época da ditadura fugenciana o povo cubano vivia sem nenhuma perspectiva de melhoria de vida, é aí que Castro se comove com a situação e passa a lutar por melhores condições de vida para a população pobre. Porém, sozinho não se pode fazer nada, Fidel então se junta a algumas dezenas de jovens idealistas e destemidos e com o apoio de um medico argentino chamado Ernesto “Che” Guevara, os companheiros conseguem dia após dia a confiança e simpatia dos camponeses, e dia-a-dia as vitórias e avanços são visíveis (apesar das tentativas de frear o movimento) até que os “Barbas” conseguem tomar o poder político do país. Já na revolução mexicana, a massa pobre não só apóia o levante como também é chamada a lutar pelas tão sonhadas melhorias sociais. No México dois lideres se destacam, Emiliano Zapata e Pancho Villa (por alguns estudiosos, visto como um simples bandoleiro, por outros como um grande estrategista), o primeiro no sul e o segundo no norte. A revolução mexicana foi propriamente de caráter agrário, defendia a aquisição de terras para os verdadeiros agricultores e/ou indígenas através da reforma agrária. É contraditório, mas na revolução mexicana a burguesia local em acessão viu no movimento uma forma de se aliar e ganhar apoio dos povos indígenas que eram maioria, com o apoio da população seria mais tranqüilo tal acessão. Nas duas revoluções (mexicana e cubana) podemos traçar pontos em comum e pontos divergentes, pontos que ligam a mesma bandeira de luta (como reforma agrária) e a mesma revolta contra poderosos no poder dos respectivos paises. Outro ponto em comum dessas duas revoluções é que em ambas, antes o que se via era um sistema ditatorial de governo, onde os que estavam no poder se fixavam por um longo período de tempo e pra se manter no poder político do país usavam da repressão físico-cultural. Mas existiam também divergências entre as duas revoluções. Na cubana existia ideologias que a sustentava, já na mexicana os indígenas e camponeses não se preocupavam na questão que tange o ponto de vista ideológico, sem uma carga ideológica apurada, os lideres da revolução mexicana (Zapata e Villa) não se preocuparam em eliminar o poder político deposto, que teve tempo de se reorganizar e retomar o poder, ao chegarem novamente ao poder, os mesmos optaram pela eliminação dos dois lideres e acabaram assim com todo e qualquer novo movimento de revolta. As duas revoluções tiveram um grande papel para a América latina, pois nelas os outros paises se apoiavam ideologicamente e cada vez mais acreditavam que era possível mudar seu país, pra isso se fazia necessário a luta armada, luta essa que visava a tão sonhada justiça social e uma maior participação das minorias na questão política e principalmente em distribuição igualitária de terras produtivas, pois acima de tudo, a população camponesa e indígena tinha sede de terras para cultivar. A cima de tudo podemos identificar nas duas um sentido populista, com uma pitada de empatia da população explorada para com seus lideres, que por sinal sentiram a força do povo para que se efetiva-se tais mudanças. Outro ponto comum nas duas revoluções é que tanto na cubana quanto na mexicana, só conseguiram tomar o poder com a força do povo, com a indignação popular depuseram as ditaduras que oprimiam a todos. A grande cartada das revoluções populista é o fato de que as mesmas defendem a reforma agrária e terras para todos, sendo assim, quem é camponês e indígena começa a apoiar a causa revolucionária. Na cubana a reforma ganhou impulso, as grandes propriedades foram sendo divididas em pequenos lotes (mas sem pertencer aos camponeses e se ao governo, o que chamamos de estatização territorial), pertencente ao estado ou não, houve uma mudança considerável na vida da população cubana que na sua maioria é camponesa, de qualquer forma agora tinha terras pra trabalhar. De forma contraditória na revolução cubana aconteceu à forma de centralização de poder, os mesmos que combateram a ditadura de Batista fizeram a mesma coisa, pois não houve alternância de poder, ficando no poder exatos 59 anos e 55 dias, Fidel só se afasta (em 24 de fevereiro de 2008) por problemas de saúde, dando lugar a seu irmão Raul Castro (que também lutou na revolução). Durante a tomada do poder em 4 de janeiro do ano de 1959, uma das primeiras coisas que o comandante Fidel fez foi repartir em lotes as terras pertencentes a sua família, gerando assim indignação dentro de sua própria família, até hoje sua irmã e uma filha de Fidel se encontra exilada nos Estados Unidos. A revolução mexicana também fez reforma agrária e hoje o PRI comanda o setor político do México. Portanto o que podemos observamos com as revoluções cubana e mexicana, é o fato de que serviu de exemplo para todos os paises no sentido de que os poderosos não reinariam mais sozinhos e não dormiriam mais tranqüilos, pois, com a revolução surge outro ator político, o povo. Ao mesmo tempo o povo percebe que há possibilidade de mudança, basta se unirem através de um ideal e querer a mudança do fundo do coração, lutando com todas as forças e preparado para sacrificar sua vida privada por um objetivo único, a melhora de toda classe explorada.

Saindo da vida e entrando na História.

O caso de Getulio Vargas com o Brasil passa por três fases denominadas por mim de "namoro", "Lua-de-mel" e "Divorcio". A fase namoro (1930-1937) corresponde ao período em que Vargas esteve de bem com o grupo militar do Brasil, ou seja, o que o autor vem denominar “namoro” é o fato dos interesses de ambas as partes (presidente e forças armadas) se assemelham. No período de namoro, Getulio fortalece as forças armadas no quadro nacional, fortalece no que diz respeito a equipamentos e moralmente também, pois a partir de 1930 as forças armadas obtêm um maior prestigio e um grande campo para expor suas vontades. Como nada é de graça, em troca desse apoio getulista as forças armadas deveriam assegurar Vargas no poder durante anos e anos, enquanto os militares exerciam o poder na rua, Getulio se perpetuava a cada dia no comando do Brasil. Podemos classificar tal relação entre os dois poderes como literalmente uma relação de troca de favores. Góes Monteiro era “o cabeça” da relação, Getulio Vargas e o general Góes Monteiro tiveram uma relação de cumplicidade grande, pois, ambos queriam o poder para si, porém os dois não poderiam se desvincular, tendo em vista que um completava a ação de pensamento do outro, ao se afastarem perderiam os dois, o poder. Assim como Vargas, Góes era ousado e ambicioso. No começo, o casamento não foi tão calmo assim, pois nas próprias forças armadas havia divergências e brigas entre as várias patentes. Góes em 1934 dá um pulo maior que as pernas e carregado de ambição se candidata a presidência da republica em oposição a Vargas, não se elege e de quebra Vargas consegue desestabilizar ainda mais os militares, jogando uns contra os outros, conseqüentemente ocorre o enfraquecimento de Góes Monteiro. A segunda fase é a que o autor vem chamar de “lua-de-mel” (1937-1945) É o período em que a 10 de Novembro do ano de 37 Vargas com o apoio dos militares fecha o congresso nacional e estabelece a partir daquele momento o chamado Estado Novo, até a data presente, Getulio a ainda tinha o apoio dos militares, e é nesse período que o presidente ditador consegue maior apoio das forças armadas. A ação como sempre é encabeçada por Góes Monteiro. Apesar da ditadura estabelecida no país é nesse recorte histórico que o Brasil avança e cresce com o incentivo a indústrias. Em suma, o país deixa de ser um país atrasado diante dos demais e começa a ganhar estatus de país industrial, o que por sinal iria deixar Getulio Vargas mais alguns anos na presidência e conseqüentemente no poder. Até dado momento como já se foi dito, a relação entre presidente e militares estava indo de vento em poupa, mas como tudo que começa acaba, esse “casamento” também iria acabar mais cedo ou mais tarde, e foi na terceira fase que a relação se desgastou e se tem “o divórcio” (1945-1960) Chega principalmente pelo fato de Getulio alterar as leis trabalhistas para melhor, em relação a situação dos trabalhadores, com isso o presidente viria a ser conhecido como “O pai do pobres”, enquanto os operários agradeciam a Getulio, os militares questionavam sua atitude, que não foi vista com bons olhos pelas forças armadas, pois, Getulio estava ganhando mais popularidade e respeito que a própria força armada e isso era prejudicial para os comandos da marinha, exercito e aeronáutica. É contraditório e paradoxal, com o passar do tempo, o próprio comando que outrora Vargas coloca no poder,queria depor o presidente, nesse caso a mesma mão que apedreja é a mesma que um dia acariciou! Os três poderes agiram juntos para exonerar Vargas, até então as três forças nunca tinham trabalhado tão bem em conjunto, porém pouco antes de acontecer tal fato, Vargas se antecipa, escreve uma carta de despedida e encerra a escrita com uma frase marcante que dizia "Saio da vida para entrar na História". No dia 24 de Agosto de 1954 comete suicídio.